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Artigos

Jazz e sapateado regressam a África

Por Louise Fenner | Redatora | 20 Março 2012
Três dançarinos de sapateado no palco (Courtesy of Jazz Tap Ensemble/photo by Rose Eichenbaum)

Da esquerda para a direita B'Jon Carter-Burnell, Maya Guice e Kenji Igus de Jazz Tap Ensemble

Washington – Uma das companhias americanas pioneiras em sapateado, Jazz Tap Ensemble de Los Angeles, deslocar-se-á pela primeira vez a África, a origem de muitas tradições musicais e de dança que evoluíram para sapateado e jazz nos Estados Unidos.

A partir de 9 de abril vários membros da companhia passarão um mês em contacto com audiências, dançarinos e músicos em Moçambique, Zimbabué, República Democrática do Congo e República do Congo. Fazem parte de DanceMotion USA, um programa de diplomacia cultural patrocinado pelo Departamento de Estado Americano e pela Academia de Música de Brooklyn.

“Visitámos 35 ou 45 países, mas nunca estivemos em África”, disse Lynn Dally, diretora artística de Jazz Tap Ensemble, de que foi cofundadora em 1979. “Aguardo com expectativa esta nova experiência”.

Mais de 300 pares de sapatos de sapateado de vários tamanhos serão distribuídos gratuitamente a jovens africanos interessados em dedicar-se ao sapateado. Alguns foram oferecidos pelo fabricante de trajes de dança Capezio e o restante foi comprado pela Academia de Música de Brooklyn.

Além de dar espetáculos, a companhia realizará workshops de dança e sessões de música em escolas e noutros locais. “Gostaríamos de interagir com outros artistas e também com não artistas para lhes dar uma ideia de improvisação. É uma componente importante do que fazemos”, disse Jerry Kalaf, diretor musical e baterista. “Podem não estar a dançar todos, mas estarão a bater ritmos e a criar música eles próprios”.

Foi criado um programa especial de dança para esta viagem, disse Dally. “Tem um tema de jazz clássico e ritmos contemporâneos. Qualquer pessoa que conheça a música jazz reconhecerá estas canções”.

AS ORIGENS DO SAPATEADO

No sapateado, os artistas usam sapatos com placas de metal nos dedos e no salto que fazem um som de percussão. O sapateado tem as suas origens em danças africanas dançadas e modificadas pelos escravos nos Estados Unidos. Foram integrados elementos do sapateado irlandês e da dança de tamancos inglesa e depois, no início do século XX, acrescentou-se o jazz a esta mistura.

“A música jazz foi durante muito tempo a única música que os dançarinos de sapateado tiveram a oportunidade de dançar”, afirmou Kalaf. Mais tarde músicas de espetáculo e novos movimentos vistosos foram acrescentados ao repertório do sapateado”.

“Os dançarinos que as pessoas irão ver nesta tournée são dançarinos americanos de sapateado contemporâneo. Aprenderam bem as tradições [do sapateado] mas avançaram na sua técnica e no que estão a tentar fazer com criatividade”, disse Dally.

A música será jazz, com um trio dirigido por Kalaf e com Doug Walter ao piano, teclados e saxofone alto e David Dunaway no baixo.

“Estou mesmo com vontade de ir [a África] porque uma grande parte da música que passei a vida a tentar tocar bem veio dali”, disse Kalaf. “Parece-me que regresso a casa. Eu digo que, para um músico de jazz a viver em qualquer parte do mundo, a África é o “ground zero” em muitos aspectos”.

Será a primeira viagem ao estrangeiro com Jazz Tap Ensemble para quatro dançarinos: Maya Guice, Sandy Vazquez, Kenji Igus e B’Jon Carter-Burnell. “Nas nossas conversas aqui na América sobre dança, todos temos antecedentes semelhantes, por isso desejo ter uma nova conversa sobre isso”, afirmou Guice.

“Eu conto com um intercâmbio entre grupos, dar um espetáculo e depois ensinar e/ou misturar-me com a comunidade”, disse Igus. “É isto o que realmente me entusiasma acerca da viagem”.

Para onde quer que a companhia vá, segundo Dally, as pessoas mostram-se entusiastas e curiosas acerca do sapateado. “Quando começamos a envolver-nos com as pessoas, elas apanham o ritmo e querem partilhar. A nossa música transporta muita força e história”, disse ela. 

Outras três companhias de dança americana encontram-se em tournées no estrangeiro através de DanceMotion USA: a Sean Curran Company de Nova Iorque; o Trey McIntyre Project de Boise, Idaho; e Rennie Harris Puremovement, um grupo de dança hip-hop de Filadélfia [três artigos em inglês].

Há mais informações sobre Jazz Tap Ensemble no website do grupo e em DanceMotion USA.

Lynn Dally a dançar sapateado no palco (Courtesy of Jazz Tap Ensemble/photo by Rose Eichenbaum)

Lynn Dally, diretora artística de Jazz Tap Ensemble