O presidente americano, Barack Obama, tem tido sucesso
em melhorar pelo menos o tom da política externa americana da qual as metas
estão ainda por definir.
A arrojada política externa do presidente Barack Obama
já era conhecida seis meses antes da sua tomada de posse – isto é, quando escolheu
a sua rival democrata Hillary Clinton para o cargo de Secretária de Estado,
apesar da retórica desta última, durante a campanha para as eleições primárias.
Disse Hillary: "Os
americanos não têm que preocupar-se com o que sei, ou se precisarei de um
manual de instruções para me guiar na solução de crises."
Contudo, quando Obama ganhou a nomeação democrata, os
candidatos puseram de lado as suas diferenças e fizeram a primeira aparição
pública em campanha, propositadamente da pequena cidade de Unity, no Estado do
New Hampshire. Disse, então, Obama: "Ela é
fantástica. É isso que tento fazer."
Clinton, por sua vez, disse não ter problemas sobre a
capacidade de Obama em dirigir o país: "Porque
sei que ele será o comandante em chefe que nunca hesitará em usar a força, se
necessário, mas nunca abdicará em usar a diplomacia, sempre que for possível."
Clinton obteve a confirmação do Senado, ao afirmar
perante os seus colegas que a administração do presidente Obama poderia
recorrer menos à confrontação na sua política externa: "Nós devemos usar o chamada o poder inteligente: recorrermos a todas ferramentas
postas à nossa disposição – a diplomática, a económica, a política, a militar,
a legal e a cultural."
O presidente Obama, num sinal de ruptura com a
administração Bush, nomeou enviados especiais para as regiões em conflitos.
Para o Afeganistão e o Paquistão, escolheu o antigo negociador nos Balcãs,
Richard Holbrooke. Para o conflito israelo-árabe, mandatou o senador George
Mitchell: "Não subestimo as dificuldades
desta missão. A situação no Médio-Oriente é volátil, complexa e perigosa."
Para a Coreia do Norte e o seu programa nuclear, o
presidente americano indicou o diplomata veterano Stephen Bosworth. A nomeação
foi recebida com satisfação em Seoul, mas o próprio Bosworth acabaria, mais
tarde, por rejeitar um convite de Pyongyang.
Semanas mais tarde, a Coreia do Norte desafiou a comunidade
internacional ao proceder o teste de um míssil de longo alcance e retirou-se
das negociações sobre o seu programa nuclear.
Obama foi alvo de críticas dos republicanos sobre a
proposta de diálogo com o Irão e Cuba e pelo aperto amistoso de mãos com o
presidente venezuelano, Hugo Chavez, durante a Cimeira das Américas de há duas
semanas.
O republicano Connie Mack disse, numa sessão do
Congresso, que este "ultraje" não mudará a posição de Cuba e do presidente
Chavez: "Nós podíamos ter visto o mesmo
cenário quanto tivemos a crise dos mísseis cubanos, quando temos o Irão a usar
a Venezuela como ponto de passagem para o nosso hemisfério."
Mas, Daniel Hamilton, da Johns Hopkins University,
aplaudiu os gestos do presidente Obama como um esforço para reposicionar os
Estados Unidos como um relevante parceiro no mundo: "Uma aproximação para com os adversários, mesmo se isso fosse prova de
desacordo. Mostra que, pelo menos, há disponibilidades para discutir as
diferenças de posição, é uma espécie de mensagem dos primeiros cem dias."
Os esforços do presidente Obama para melhorar as relações
com a Rússia e China foram bem vistos pelos analistas. Michael O'Hanlon, da Washington
Brookings Institution, disse ser demasiado cedo dizer se a mudança de tom poderá
levar a vitórias diplomáticas: "Para
dizer que as coisas vão num bom começo. Quero reservar o meu juízo e ver até
que ponto os problemas serão resolvidos antes do meu grande aplauso."
Daniel Hamilton diz estar também relutante em avaliar
as primeiras acções de Obama. Afirma que um ano e meio seria ideal para fazer
uma avaliação da "performance" da administração Obama.