Vamos Assistir a Um Declínio Mundial do Produto Interno Bruto
Por Sósimo Leal 01/04/2009
O Banco
Mundial publicou um relatório pessimista sobre a economia em 2009, numa altura
em os líderes do G20 preparam para debater amanhã a recessão financeira global.
O
Relatório do Panorama Económico Global realça as regiões mais atingidas pela
crise.
O
economista sénior do Banco Mundial, Mick Riordan diz que já lá vão muitos anos
em que o crescimento económico foi tão pessimista.
"Pela primeira vez, desde a
Segunda Guerra Mundial, vamos assistir a um declínio mundial do produto interno
bruto. Esta é a realidade para todos os países industrializados, bem como para os
em desenvolvimento, onde a queda anda entre um e dois por cento. Realmente é
uma situação sem precedente. Estamos confiantes num relançamento global em 2010,
mas existe ainda alguma incerteza. Por enquanto estamos concentrados sobre o este
ano."
Riordan
avança quais das regiões estão a ser mais afectadas pelo actual declínio
económico.
"A Europa e a Ásia Central são as
regiões mais afectadas e que estão em recessão. Tratam-se efectivamente da
Europa de Leste e da Rússia e a chamada comunidade de Estados Independentes as
antigas repúblicas da União Soviética, e a América Latina."
A Rússia
está a sofrer com a queda vertiginosa dos preços do petróleo, e enfrenta em
resultado disso a maior perda da sua economia.
Contudo os
países da África subsaariana parecem estar bem melhores.
"A África subsaariana está entre
as regiões menos atingidas pelos efeitos negativos desta crise financeira.
Geralmente pelo facto da África subsaariana com excepção da África do Sul e da Nigéria,
não estar fortemente ligada ao mercado global de capitais. Existem contudo,
muita dependência nos investimentos directos estrangeiros – que tem conhecido
um aumento substancial nos últimos dez anos – e que mantêm-se apesar das
incertezas."
O
crescimento na África subsaariana foi de quase 5 por cento em média no ano de
2008, e este ano descreu para 2,4 por cento de acordo com as estimativas do
Banco Mundial, nas quais a África do Sul devera atingir apenas um por cento. A Nigéria
cai de 6 por cento para cerca de 3 por cento, tendo em conta a queda do preço
do petróleo. No Quénia e em vários outros países as situações mantêm-se
largamente positivas.
O
relatório do Banco Mundial assume contudo precauções em fazer previsões sobre o
próximo ano, isto apesar de realçar a existência de sinais encorajadores no
horizonte como resultado das medidas tomadas pelo Tesouro americano e pelo
facto das acções da Reserva Federal dos Estados Unidos terem sido bem recebidas
nos mercados financeiros.
"Esperamos através da Cimeira do
G20 obter políticas mais coordenadas, possivelmente sobre os estímulos
económicos, ou por outro lado, de reformas financeiras claras. E estas políticas
são efectivas para a redução de incertezas que é um outro factor maior nos
mercados financeiros."
O
economista sénior do Banco Mundial diz que uma saída positiva da cimeira do G20
pode ser vista como o restabelecimento de confiança, e o sinal para que os
mercados financeiros mais uma vez possam prosseguir com as melhorias até então alcançadas.