Os deputados do novo Parlamento sul-africano
prestaram hoje juramento e os representantes do ANC deverão, como se espera,
escolher o seu líder, Jacob Zuma para o cargo de presidente do país.
O ANC de Jacob Zuma ganhou 264 lugares nas
eleições parlamentares realizadas há duas semanas, tendo obtido perto de 66 por
cento dos votos entrados nas urnas.
Zuma disse perante as câmaras da televisão que
a recessão económica causada pela crise financeira global irá tornar mais
difícil a sua tarefa de presidente, logo que seja eleito pelo Parlamento.
"Claro
que existe um desafio, para o qual estou sensibilizado, uma vez eleito tenho
então uma pesada responsabilidade com que me confrontar", disse o dirigente do
ANC.
Zuma tem procurado acalmar os homens de
negócio, garantindo-lhes que as polícias de impostos dos seus antecessores na
presidência não serão alteradas. Mas, prometeu ao povo sul-africano, durante a
sua campanha, aliviar a pobreza, criar emprego e aumentar os serviços sociais.
Analistas afirmam que
Zuma irá também ser pressionado pelos sindicatos e pela ala esquerda do seu
partido, que o apoiaram na sua campanha para a liderança do ANC.
O João Santa Rita
contactou o analista política e professor de direito na Universidade da África
do Sul, Andres Thomashausen que disse
serem de esperar mudanças na polética sul africana.
Thomashausen disse
que o "desafio" para o novo governo de Zuma será o de tentar manter o equilíbrio
entre a necessidade de manter o crescimento económico e reduzir o desemprego e pobreza.
Escute a entrevista.
Zuma enfrentou o seu primeiro desafio, durante
o passado fim-de-semana, quando os líderes provinciais do ANC em algumas
províncias, protestaram contra as suas escolhas para os cargos de chefe de
governo e governadores provinciais. Mas grupos feministas elogiaram-no pelo
facto do ANC ter nomeado mulheres para quatro das oito províncias que o partido
controla, preenchendo quase metade dos seus lugares no Parlamento com líderes
femininas.
A Aliança Democrática, que obteve 67 lugares e
16 por cento dos votos, lidera a oposição no Parlamento, sendo que este partido
obteve a maioria dos votos nas eleições provinciais no Cabo Ocidental.
Hellen Zille, a líder da Aliança Democrática,
que irá liderar o governo provincial, diz estar preparada para formar
coligações com partidos da oposição por forma a contrariar a grande maioria do
ANC.
"É
sempre bom estar no governo e não apenas na oposição. E penso que nos compete
consolidar um partido forte e edificar uma alternativa ao ANC" disse a
dirigente do ANC.
O Congresso do Povo, que foi formado há cinco
meses por líderes dissidentes do ANC, obteve perto de sete por cento dos votos,
o que lhe deu 30 lugares no Parlamento.
O Partido Inkhata da Liberdade, liderado por
Mangosutho Buthelezi, irá controlar 18 lugares, tendo perdido terreno a favor
do ANC na Província do Kwazulu-Natal, que é território partilhado por Buthelezi
e de Zuma.
O Parlamento, que funciona habitualmente na
cidade do Cabo, vai ter a sua sessão inaugural em Pretória, a capital
administrativa para a cerimónia de posse de Jacob Zuma, no sábado.