Prosseguem os esforços diplomáticos para
pôr fim a violência no leste da República Democrática do Congo, esperando-se
que o mediador da missão das Nações Unidas no Congo se encontre ainda hoje, sexta-feira,
com os responsáveis congoleses em Kinshasa, depois da reunião com os
governantes ruandeses ontem, quinta-feira, em Kigali, no Ruanda.
A visita do mediador das Nações Unidas, Olusegun
Obasanjo, a Kinshasa e Goma, no Congo, e Kigali, no Ruanda, tem por objectivo
resolver a situação da violência em que morreram centenas de pessoas, e cerca
de meio milhão de outras ficaram desalojadas nos últimos 4 meses.
O antigo presidente nigeriano está a
tentar consolidar o acordo assinado o mês passado entre os ministros de defesa
do Ruanda e da República Democrática do Congo destinado a desarmar as milícias
hutu ruandesas em luta com as forças do General rebelde, Laurent Nkunda.
A missão das Nações Unidas ocorre na
altura em que os rebeldes e o governo congolês iniciam conversações no Quénia.
Numa entrevista dada à Voz da América, Nkunda expressou optimismo
sobre as conversações: “A vontade existe.
Muito boa vontade, na minha opinião, através da qual podemos conduzir as conversações
e chegar a soluções.”
Os esforços diplomáticos foram
intensificados desde o fim do ano após recontros entre as forcas governamentais
e as milícias hutus ruandesas que entraram na zona Leste congolesa, manifestando
a sua oposição ao governo ruandês-tutsi em Kigali após terem participado no genocídio
de 1994, no Ruanda.
Os grupos humanitários afirmam enfrentar
problemas e dificuldades no transporte da ajuda para milhares de civis
desalojados pela violência.
A missão das Nações Unidas estacionou
uma força de 17 mil tropas de manutenção de paz, no Congo, da qual apenas uma fracção
se encontra na zona do conflito.
A Bélgica e a França propuseram o envio
de vários milhares de soldados da União Europeia de apoio as tropas de manutenção
de paz das Nações Unidas, mas a Grã-Bretanha e a Alemanha sugeriram que se
deveriam tentar, primeiro, outras alternativas.
O General Nkunda disse que o envio de
mais tropas estrangeiras ao Congo não é a solução: ”Eu digo-lhes que tragam tudo o que quiserem para nos ajudarem nas conversações
de paz, não de guerra. Quando oiço que estão a trazer mais tropas - em vez de negociações
- eu tenho outras ideias. Que nos podem ajudar a reabilitar a nossa economia, esperando
ainda que talvez a comunidade internacional nos possa ajudar na formação de uma
melhor liderança.”
Nkunda violou uma trégua incerta em
Setembro último, acusando as tropas do governo congolês de terem atacado os
étnicos tutsis no Leste, acusando ainda a missão das Nações Unidas de falta de
imparcialidade, acusação rejeitada pela missão internacional.
Por outro lado, o governo congolês acusa
o Ruanda de dar apoio aos rebeldes de Nkunda, enquanto o Ruanda, por sua vez, acusa
o Congo de apoiar as milícias ruundesas. Ambos os governos rejeitam as alegações
mútuas.