A opinião pública mundial
aguarda a tomada de posse de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos.
Muitos esperam que possa trazer mudança num mundo que acreditam se encontra em
crise.
Para outros, as origens
ancestrais de Obama em África podem mesmo significar algo mais.
Milhões de pessoas que
pertencem a diáspora africana permaneceram acordados toda a noite, como muitas
outras na América, para aplaudir quando Barack Obama foi anunciado como sendo o
próximo presidente dos Estados Unidos.
Veronique Tadjo, uma
professora de uma universidade de Joanesburgo, referiu que para as pessoas com
ancestralidade africana foi um momento simultaneamente emocional e histórico.
Contudo o pesquisador
afro-americano, Francis Kornegay, do Instituto de Estudos Políticos, afirma que
os comentaristas africanos alertam para a enorme expectativa com que é
aguardada a presidência de Obama.
‘Existe enorme euforia a
envolver a presidência e um sentimento de que por isso ira prestar muita
atenção ao continente. Não existe, no entanto, nada que vá para além disso, que
não passa por isso de possibilidade.’
Kornegay acentua que a
administração Obama herda varias crises que são prioridades para a política dos
Estados Unidos, como sejam o Iraque, o Afeganistão, o conflito do Médio
Oriente, o Paquistão e a Índia.
‘Reside aqui que vai ser o
foco da política dos Estados Unidos. Por isso não existe perspectiva realista
de que África venha a ultrapassar quaisquer das outras preocupações. Por outro
lado existem algumas preocupações de segurança no continente africano.’
Como exemplo refere serem
necessárias novas ideias para a crise na Somália, que há já duas décadas se
transformou num estado falhado e com milhões de dólares de assistência, e que
vai ser absorvida por militantes islâmicos.
Darfur e a zona leste do
Congo são regiões com conflitos latentes que se arriscam a explodir novamente
em guerra. E o Zimbabwe que necessita de actuação internacional concertada, de
preferência através de grupos africanos, para impedir uma crise humanitária
maciça.
Veronique Tadjo afirma
esperar que a administração Obama venha a adoptar uma posição dura para com os
dirigentes africanos que abusam do poder e das populações.
Por seu lado o analista
senegalês Lamine Savane sustenta que quaisquer que sejam os objectivos
políticos, torna-se necessário um novo estilo de liderança.
‘Como será a liderança? Será
como a de um irmão mais velho mas numa versão positiva? Penso que no mundo
actual o estilo de arrogância já não vai funcionar.
Tadjo, de ascendência franco
marfinense receia que Obama venha a fazer face a outros desafios, devido a sua ascendência.
São muitos aqueles que
acreditam, no entanto, que Obama possa constituir uma ponte entre raças,
culturas e povos. Esperam que Obama escute e introduza um maior equilíbrio
entre África e os Estados Unidos.