O Programa Alimentar Mundial das Nações
Unidas (FAO) apela a todos os governos para contribuírem com cerca de 5,2 mil milhões
de dólares que são precisos para alimentar 100 milhões de pessoas, que de outra
forma irão passar fome no próximo ano. Um montante, nota a FAO que representa
apenas uma fracção do que os governos estão agora a dispender com os seus
pacotes de salvação financeira.
A FAO adverte que ficará sem alimentos
em Marco do próximo ano caso não se verifique uma injecção rápida de dinheiro.
Emilia Casella, porta-voz da FAO, afirma
que milhões de pessoas em África, Ásia e América Latina passarão fome quando a organização
deixar de as poder ajudar.
“O orçamento da FAO para o ano de 2009
representa apenas um mero 1% do dinheiro que tem sido usado nos pacotes de
resgate financeiros, nas últimas semanas. O que nos iria permitir fornecer refeições
quentes nas escolas a 59 milhões de crianças em todo o mundo. O nosso programa
alimentar escolar assiste agora 19 milhões de crianças, em todo o mundo. Mas há,
ao todo, 59 milhões de crianças que precisam dessa ajuda alimentar nas escolas.”
Casella acrescenta que a FAO gostaria de
usar parte desse dinheiro, que agora pede, para criar um fundo de reserva para
comprar stocks alimentares, para responder a emergências.
A porta-voz diz por outro lado que é também
preciso dinheiro para dar um impulso na produção agrícola de pequenos
agricultores, os quais já não podem comprar sementes e fertilizantes. O preço destes,
nota, mais do que duplicou desde 2006.
Casella diz que no inicio de 2008, a FAO
esperara poder alimentar 69 milhões de pessoas em todo o mundo. Mas, de facto,
foram mais de 100 milhões a precisar de ajuda alimentar.
Esta organização da ONU indica que o
elevado preço dos alimentos colocou numa situação de fome, este ano, mais de 40
milhões de pessoas, aumentando para um bilião, o número total de pessoas que
passam fome.
Casella esclarece que leva cerca de 90
dias desde o dia em que é feito o donativo, até este se converter em comida que
possa ser distribuída.
“Não nos estamos a precipitar com este
apelo. É de facto algo urgente. Os países mais em risco de sofrerem reduções nas
rações alimentares são o Zimbabué, a Etiópia, a Republica Democrática do Congo,
e também o Haiti. Estes são países que se encontram numa situação de estados
extremamente frágeis. Pelo que a ideia de reduzir as rações é extremamente difícil.
A FAO adverte que a fome pode conduzir a
uma situação de instabilidade civil. O aumento dos preços alimentares provocou distúrbios
em dezenas de países. Uma das piores situações registou-se no Haiti, onde os distúrbios
estiveram na origem de morte de inúmeras pessoas e levaram a queda do
primeiro-ministro.
Pelo que a FAO adverte os governos a não
permitirem que a espiral de fome entre numa situação de descontrolo.